quinta-feira, 14 de maio de 2009

DONA B. E SEUS DOIS MARIDOS


Ela é o próprio hibridismo entre o amor e o sexo. Uma mulata com samba no pé, com balanço na cintura e com a lata d'água na cabeça. Mistifica a androgenia homogeneizada entre Gabrielas, cravos, flores e canelas. Típico símbolo brasileiro. Não adianta saciá-la, seu desejo é eterno.Dona B. é o extremo dos opostos, ela precisa de dois submissos na sua rotina, aliás, eles precisam dela, porque Dona B. é transcendental. Mas como já disse, ela é Dona B., mulher de respeito, figura honrada no morro, que mantêm suas duplas facetas. Uma mãe, Dona de casa, noveleira de plantão, cartomante nas horas vagas, mas por trás dos panos de prato, esconde uma mulher selvagem, sagaz, insaciável, fatal.Mantêm uma dualidade entre seus romances, com o do lado direito da cama a Senhora mãe de família quer apenas amor, e com o camarada da esquerda, é puro tesão, suor, carnaval. Ela é a própria Afrodite reinando no trono da sua beleza entre os Deuses Dionísio e Apolo. Para o seu amor ela se ajoelha, reza e faz promessas. No entanto para sua aventura ela joga sutilmente seus búzios ou cartas e conta apenas com a própria sorte. E na cama, exorciza todas as suas forças entregando-se à carne, à navalha, ao sangue...Mas Dona B. estará por fim, entregando seu corpo e alma eternamente na cama para o lado direito, descansando seus cabelos sobre o peito do amor, mesmo que lute, jamais se libertará desse sentimento que a persegue e aprisiona. Mas sua mão boba sempre flutuará casualmente pela esquerda, até acidentalmente encontrar algo fálico e perigoso, e então, novamente será apenas aventura, entrega total. Mas logo em seguida ela voltará para o outro lado onde deixou seu amor esperando e dormindo, sem jamais imaginar que nesse momento dormiam três, na mesma e única cama. Por isso ela é Dona B., Dona bunda, Dona bamba, Dona banda. Ela é bomba! E não ouse decifrá-la, ela devora-te.


Arlindo Bezerra da Silva Júnior

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