quinta-feira, 14 de maio de 2009

HOJE FOI IMPOSSÍVEL NÃO PENSAR NAQUELA MULHER...




O Cheiro do hidrante de morango, do cigarro de canela, ainda estão impregnados nas narinas que buscam desprender-se desse desejo em uma série de tentativas frustradas. Mas nesse dia a sensação foi mais intensa. Acordo com as teorias do cinema associado a análise do filme Dogville, do Sueco Lars Von Trier presos na mente. No entanto, foi impossível não pensar nela. Sinto-me como um adolescente que confidencia seus desejos, medos e frustrações, deitado na cama de solteiro, entre quatro paredes, elevando e movimentando as pernas alternadamente. Mas não, sei que essa fase a que me lembro com muito saudosismo não me trará tamanho entusiasmo de volta. Mas essa data em especial, durante alguns anos será difícil não recordar-me. Pensara jamais sofrer por uma mulher como tenho sido acometido por esse mal nos últimos trimestres. Mas hoje, sei que posso sofrer por esse amor que carrega consigo um fruto que desejaria ser meu. As músicas são as testemunhas mais íntimas daquele amor. Vê-la nos braços de um homem tão inferior, que petrifica aquilo que o ser humano pode ter de pior, a hipocrisia e o egocentrismo. Ah! Não queria lembrar dessa dor. Há uma grande diferença entre as dores, a dor do parto, a dor da rejeição, e a dor do abandono, essa última é a pior por excelência, pois além de nos negar enquanto ser humano, oferece-nos apenas o silêncio ancorado pela covardia da verdade. Mas voltando ao cheiro, é através dele que carrego as lembranças que me alimentam diariamente. Pensei em muitas vezes procurá-la, mas o meu orgulho nunca permitiu, e mesmo após a sua gravidez, tratada sempre com muita frieza, mas encharcada de angústia profunda, o orgulho ficou mais forte. Se um dia improvavelmente ela visse essas linha rabiscadas, com certeza entenderia cada palavra aqui colocada, se ela compreendia o meu olhar, o que dizer de minhas palavras?... Lembro-me e por muito tempo lembrarei dos momentos mais simplistas vividos, comer pão com manteiga, sentar na varanda por cima dos telhados vizinhos, dividir um toca-cd cantando alto a mesma canção. Mas no momento só me resta deleitar com a voz de Gal Costa correspondendo às minhas emoções, sussurrando: “palavras, calas, nada fiz, estou tão infeliz”... E assim ela se foi, como um pôr-do-sol que adormece e deixa a lembrança da beleza dos raios bem gravados na memória, porém, ela não retornou na manhã seguinte.
“Mas isso pouca me importa, e quero mais é que ela se foda!”... Grita o meu orgulho.






Arlindo Bezerra da Silva Junior

Um comentário:

  1. Que profundo amigo! De fato a saudade sempre nos recorda, mesmo quando o cotidiano e os infortúnios diários insistem em nos anestesiar, de que somos humanos e não máquinas, e por isso, sofremos, choramos e lembramos de tempos idos que a memória guarda o que melhor lhe estima!

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