Conheci-o no colegial, ele sentou-se ao lado direito, meus pés tremiam e o coração parecia querer atravessar a garganta, ele era divinamente superior, adentrou pela sala em passos lentos, caneta pendurada na camisa e Dom Casmurro na mão esquerda. Um Ser transcendental... Contemplá-lo durante a aula de história do Brasil, e se me recordo bem, ele adorava comentar sobre o Reinado de Dom João e ainda mais quando fazia referencias às peripécias de Carlota Joaquina, ele gargalhava! A nossa aproximação não foi difícil, logo consegui fazer nosso primeiro trabalho escolar em equipe, quase não disfarçava essa epifania da sua beleza que me invadia, mas me contive sempre que percebera um certo excesso de minha adolescência. Prosseguimos uma perfeita amizade, descobrimos nossos segredos em comum, ele também colecionava álbuns de Maria Bethânia, Dalva de Oliveira, Gal Costa, e adorava as Obras de Frida Khalo, preferíamos as mulheres (mas isso é uma outra história), trocamos papéis de cartas, mas tudo em absoluto sigilo, até que sua mãe nos proibiu de permanecemos no quarto com a porta fechada, a princípio não entendi, mas posteriormente não a olhava mais nos olhos.
Entramos no time de futebol, eu atuava na defesa da direita, já gostava de denominar a posição no campo como atuação, e ele era goleiro, ficávamos conversando despercebidamente durante os treinos em função da nossa proximidade. Separamos-nos apenas na época das feiras escolares, eu preferia organizar as atrações culturais e ele optava sempre pela elaboração e criação de projetos, apesar de que no dia da apresentação ele era o primeiro da fila, achava isso muito estranho. Aos finais dos bimestres nos orgulhávamos em exibir os boletins escolares às respectivas famílias, apesar de nunca superá-lo na matemática, apenas me orgulhava do amigo ao lado.
Em um dia comum acordei sentindo a vibração do telefone celular nas minhas pernas, por um instante empolguei-me, mas logo acordei de verdade, e ele me descrevia com plena felicidade sobre sua viagem ao estrangeiro, no entanto, disfarcei a voz trêmula e cortante que me desafiava. E uma semana depois estávamos no aeroporto com aquela criança tomado pela ansiedade do primeiro contato que faria com uma outra língua, cultura, e costumes, ele demonstrava mesmo gostar de novas experiências. Somente no momento do embargue ele me presenteou com um afável beijo no rosto, paramos por alguns instantes, quando abri os olhos vi-o prosseguir pelo corredor em frente sem olhar para trás, e eu fiquei, até não mais ver o avião que se escondia entre as nuvens.
Guardei o papel dobrado entre os livros empoeirados, a caneta velha pus na gaveta, e me concentrei tentando sonhar com os momentos vividos entre dois amigos. Mas sonhei apenas com a imagem do amigo de adolescência no aeroporto.
Entramos no time de futebol, eu atuava na defesa da direita, já gostava de denominar a posição no campo como atuação, e ele era goleiro, ficávamos conversando despercebidamente durante os treinos em função da nossa proximidade. Separamos-nos apenas na época das feiras escolares, eu preferia organizar as atrações culturais e ele optava sempre pela elaboração e criação de projetos, apesar de que no dia da apresentação ele era o primeiro da fila, achava isso muito estranho. Aos finais dos bimestres nos orgulhávamos em exibir os boletins escolares às respectivas famílias, apesar de nunca superá-lo na matemática, apenas me orgulhava do amigo ao lado.
Em um dia comum acordei sentindo a vibração do telefone celular nas minhas pernas, por um instante empolguei-me, mas logo acordei de verdade, e ele me descrevia com plena felicidade sobre sua viagem ao estrangeiro, no entanto, disfarcei a voz trêmula e cortante que me desafiava. E uma semana depois estávamos no aeroporto com aquela criança tomado pela ansiedade do primeiro contato que faria com uma outra língua, cultura, e costumes, ele demonstrava mesmo gostar de novas experiências. Somente no momento do embargue ele me presenteou com um afável beijo no rosto, paramos por alguns instantes, quando abri os olhos vi-o prosseguir pelo corredor em frente sem olhar para trás, e eu fiquei, até não mais ver o avião que se escondia entre as nuvens.
Guardei o papel dobrado entre os livros empoeirados, a caneta velha pus na gaveta, e me concentrei tentando sonhar com os momentos vividos entre dois amigos. Mas sonhei apenas com a imagem do amigo de adolescência no aeroporto.
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