Grito. E no meu grito ressoa teu silêncio. Grito. E uma multidão me rodeia e me abafa. Grito, e sussurro. E minha solidão não é ausência de ninguém. minha solidão sou eu. Falo para ti porque quem está sozinho és tu. É a tua solidão e seu oco que me compadece, eu somente completo-o. Por não saber como é ser vazio, contigo converso, para que tu me contes. Eu que sou cheio, repleto, te desafio a viver.Na minha solidão pulso, carregando sempre esse teu olhar sólido. Nos teus cascos me vejo. Nos meus cacos hão de te encontrar. Diz, se ocupo teu vazio, se te preencho, ou se apenas te faço cócegas.E começo, e recomeço, e reconheço, e amanheço, e avanço, e retorno. Procuro te pintar e não ter a brancura que me rodeia, que me causa náuseas, mas consigo apenas vomitar o chão. E começo, e recomeço. Inútil. E fracasso. Não reconheço-o, não me reconheço. Tento livrar-me da angústia de tua suavidade, tento, e te preencho. Fracasso, e começo, e recomeço.Alcanço, agora lanço, e avanço, e amanso, e te ameaço. Mas descanso, e então ouço tua voz, me entrego, e só depois durmo, durmo, e durmo. Até que me acordes e livre-me da escuridão que estava presente.
Arlindo Bezerra da Silva Junior
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